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Sinta-se em casa...

"Que o tempo leve apenas o necessário e me traga o suficiente!"

Lua

Lua
Lua e suas fases...

terça-feira, setembro 15, 2009


Tem vez que cansa.
Cansam portas fechadas, chaves que não abrem as portas fechadas, a angústia por ainda não se saber como abri-las.
A vontade que tece o seu ninho nos galhos mais verdejantes e passa tempos chocando ovos que parecem que não vão mais se romper.
A espera pelo voo das borboletas que demoram crisálidas para se desvencilhar dos casulos.
O re
petido surgimento do não quando a vida da gente prepara incansáveis banquetes de boas-vindas para o sim.
O quase que se prolonga tanto que causa a impressão de ser interminável.
E, à espreita, sempre acompanhando os movimentos da nossa coragem, à distância, a perigosa perspectiva do nunca, aguardando cada brecha criada pelo cansaço para tentar nos dissuadir dos nossos propósitos.
Tem vez que cansa, sim.
E parece que somos incapazes de mais um único passo fora do território do nosso cansaço.
O ânimo desaparece sem deixar vestígios, pegadas na areia que nos levem até onde as suas águas refluem.
Sabemos que ele permanece lá, em algum lugar que temporariamente não acessamos, como o sol por trás de nuvens que querem chover mas não conseguem.
Sabemos que ele está lá e que precisa apenas de um tempo para se recompor.
Para soprar as nuvens e voltar à cena.
Para retomar o caminho com a gente.
Para nos lembrar outra vez, depois de outras tantas, que, aconteça o que acontecer, sob hipótese alguma queremos desistir do que nos importa.
Tem vez que cansa.
Não há nada que possamos nos dizer que revitalize, de imediato, a crença na nossa capacidade de transformação.
Sequer conseguimos ouvir a nós mesmos, a comunicação é interrompida pelos ruídos momentâneos da negatividade.
Aquela conversa fiada mental que não nos leva a nenhum lugar bacana, o olhar estreito que não vê coisa alguma além do nosso próprio desânimo.
Esse cansaço às vezes é acompanhado por uma tristeza muito doída, que pede o nosso melhor abraço; outras, por uma raiva que pode se fantasiar com um monte de disfarces.
Quando a gente se cansa em demasia, o coração não canta, as cores desbotam, o tempo se arrasta pelos dias como se estivesse preso a imensas bolas de ferro.
Tem vez que a vida da gente cansa.
Pele sem viço, olhos sem lume, pés doloridos, os ombros exaustos pelo peso que carregamos. Cansa e senta um pouco para descansar, respirar grande, recobrar o fôlego.
Cansa e procura sombras de árvores, banhos de silêncio, acalantos capazes de fazer os medos dormirem.
A vida da gente cansa, sim, vez ou outra.
Quando acontece, o melhor a fazer é ouvir-lhe as razões com o coração.
Permitir-lhe o cansaço e uma pausa pra repouso.
Trocar os lençóis, suavizar a luz, massagear-lhe as costas, e lhe dizer mais ou menos assim: descansa um pouco, minha vida. Descansa. Depois, fica aqui inteira comigo, de novo.
Vem regar as sementes que ainda vão florescer!
(desconheço a autoria)

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